Vítimas de agressão participam de mutirão
Durante o mutirão, que termina na sexta-feira (19 de setembro), 174 audiências serão realizadas, das 8 às 12 horas.
Assessoria
Depois de 17 anos de casamento, o relacionamento chegou ao fim. Durante uma visita feita aos filhos que estavam com o ex-marido, a estudante universitária Eva Pereira dos Santos, 39 anos, foi agredida verbalmente. Diante da situação, ela não pensou duas vezes, procurou uma delegacia e denunciou o agressor, conseguindo ali uma medida protetiva.
A atitude de Eva chocou o ex-marido, os parentes e amigos, que jamais imaginariam que ela pudesse tomar uma decisão como esta. “Não pensei duas vezes. Foi a melhor coisa que fiz. Porque ele viu que não podia me agredir. Nos separamos e temos dois filhos juntos, não podemos viver em meio a brigas, como ficam as crianças? Depois que eu fiz a denúncia ele mudou o comportamento totalmente, porque viu que eu não estava brincando”, conta a estudante, que participou na manhã desta segunda-feira (15 de setembro) do 1º mutirão voltado para conciliação de processos envolvendo violência doméstica contra mulher.
Durante o mutirão, que termina na sexta-feira (19 de setembro), na Central de Conciliação e Mediação de Cuiabá, 174 audiências serão realizadas, das 8 às 12 horas.
Os processos selecionados para o mutirão são da Segunda Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Capital. Todos são cíveis e envolvem questões como guarda dos filhos, pedido de pensão alimentícia, divisão de bens, guarda compartilhada, direito de visita, entre outros temas, onde a mediação é indicada para resolver o problema.
Conforme a coordenadora da Central de Conciliação, juíza Adair Julieta, os processos selecionados para o mutirão estão em andamento de dois a quatro meses e dependiam de uma primeira audiência de conciliação. “Como temos aqui toda uma equipe preparada de mediadores, o juiz da Segunda Vara de Violência Doméstica, Jeverson Quinteiro, teve a ideia de fazer a integração da Vara com a Central, a fim de realizar esse primeiro mutirão para dar mais agilidade aos processos”.
A magistrada explica que as audiências de conciliação já acontecem normalmente nas Varas de Violência Doméstica, a diferença é que agora as audiências são concentradas. “A expectativa é das melhores possíveis. Estamos bastante otimistas. Queremos que se transforme em uma rotina e que outros mutirões sobre essa temática sejam realizados aqui na Central”.
A conciliadora da Segunda Vara de Violência Doméstica, Patrícia Angelini Carline, trabalha há mais de 3 anos nas audiências de conciliação. Diariamente uma média de 9 audiências é realizada na vara, sendo que a maioria dos casos é de ameaça, injúria e lesão corporal.
Conforme ela, a violência doméstica é recorrente, são raros os casos como o da universitária Eva Pereira, que denunciou o ex-marido logo na primeira agressão. “Na maioria dos casos as vítimas demoram, 5, 10 e até 15 anos para tomar coragem de denunciar. Algumas mais esclarecidas tomam essa medida, mas são poucas, pois a violência ainda é uma questão muito cultural. Vários homens mantêm a cultura machista de agredir e as mulheres por sua vez acabam aceitando isso como natural e não denunciam”.
Depois de sofrer ameaça de morte do ex-marido, a dona de casa Leidiane Elena Maciel, 30 anos, também denunciou o agressor e hoje compareceu ao mutirão para tentar uma conciliação com o ex-marido. Ele, porém, não compareceu. “Abri mão da medida protetiva, pois ele mudou o comportamento. Achei muito importante a Justiça realizar um mutirão como este, pois nos orienta, nos ajuda. Saímos daqui mais amparados e sabemos como agir. Estou mais segura”.
Durante o mutirão cinco salas com mediadores estão atendendo simultaneamente as partes para dar agilidade.
Fonte: http://www.matogrossonoticias.com.br/judiciario/vitimas-de-agressao-participam-de-mutirao/129264