Projeto em escola desfaz brigas e forma amizades em Itapetininga
Casos de violência nas escolas caíram 60%, segundo diretoria de ensino. Trabalho de mediação dos professores combate problemas escolares.
O trabalho de remediação e prevenção de conflitos, realizado pela equipe de professores mediadores, está conquistando resultados positivos em Itapetininga (SP). É o caso de duas alunas que trocaram agressões em frente a Escola Estadual Fernando Prestes, em fevereiro deste ano, e se tornaram amigas após passarem por reuniões promovidas pelo projeto. A troca de agressões foi filmada por uma testemunha. O vídeo foi exibido na TV TEM e publicado no G1.
A informação é da professora mediadora Nádia Alsaro, que fez o trabalho de mediação de conflito com uma das alunas envolvidas. A jovem tem 15 anos e estudava na escola Fernando Prestes quando houve a briga. “Nós fomos trabalhando com a adolescente assim como os professores mediadores da escola onde a outra aluna estudava. Aos poucos fomos fazendo essa intermediação, até o momento em que reunimos as duas para acabar com o conflito entre elas. O motivo era uma simples rixa, do tipo: ‘essa menina não vai com a minha cara’. Então com as reuniões elas acabaram se acertando, e hoje em dia até mesmo estudam na mesma escola”, afirma.
Segundo a professora mediadora Conceição Tanaka, casos de alunos com brigas que depois se tornam amigos é comum. Ela afirma que o trabalho de solução de conflitos só termina quando, pelo menos, os alunos passam a se respeitar: “Há casos de alunos que, depois de serem acompanhados, passam a estudar nos mesmos grupos da sala. Quando raramente acontece uma briga, de imediato já passamos a acompanhar os envolvidos. Trabalhamos para fazer com que as partes se respeitem para ficarmos em um ambiente melhor, onde não haja agressões verbais ou físicas. Não desistimos, não paramos até o conflito acabar”, explica.
Tanaka (dir.) (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)
Ainda segundo Nádia Alsaro, que dá aulas de educação física, a solução de conflitos não é o único objetivo dos projetos de mediação. A prevenção de brigas, bullying, e problemas sociais também é uma das funções exercidas. A função de professor mediador é concedida para profissional que atenda aos requisitos pedagógicos do programa. Podem participar professores de todas as áreas. “Trabalhamos para evitar que alunos se envolvam com drogas, por exemplo. Enfim, tudo depende da escola onde se trabalha, assim como da faixa etária e da comunidade onde a unidade está inserida. Aqui na Fernando Prestes nossos focos são a prevenção de gravidez na adolescência com alunas do Ensino Médio, e de bullying com alunos do Ensino Fundamental”, explica.
De acordo com a Diretoria de Ensino Regional de Itapetininga, o número de casos de violência dentro das escolas diminui 60% após a implantação do projeto professor mediador, em 2010. As ocorrências que entram para o índice são: danos ao patrimônio público, agressões e ameaças, consumo ou venda de álcool e outras drogas, etc. A diretoria é responsável por administrar 52 unidades escolares de nove municípios, e desse número 29 escolas contam com professor mediadores.
Mas não são acompanhados apenas os casos de alunos que possuem histórico de problemas. Estudantes que possuem notas altas são lembrados no fim do bimestre. “Como posso trabalhar apenas com aqueles 10% de alunos que possuem problemas e não vejo os outros 90%? Então tem um projeto que dá destaque aos alunos bem avaliados dentro e fora da sala de aula. Eles são homenageados em um evento que reúne toda a escola e os pais deles uma vez por bimestre”, conta Alsaro.
http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2014/11/projeto-em-escola-desfaz-brigas-e-forma-amizades-em-itapetininga.html